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Anthony Dowell, Ballet, Brasil, Brazil, Dance, Kenneth MacMillan, la sylphide, litogravura, lucia lacarra, manon, Maurice Béjart, Pas de deux, período romântico, Roland Petit, thais
Este blog nasceu de uma vontade muito antiga: escrever sobre dança, mais especificamente sobre ballet.
Para alguns, o Ballet é uma modalidade artística antiquada, monótona, entediante e lenta. Não poderia haver uma visão mais equivocada… é uma modalidade artística com uma vasta gama de passos, realizáveis com dinâmicas e ênfases variáveis, os quais constituem um verdadeiro vocabulário, capaz de narrar os mais diversos temas:
Desde os mitológicos, como em “Sílvia”, passando pelos feéricos como em “A bela adormecida” no “O Lago dos Cisnes” e pelas adaptações de grandes clássicos da literatura como “Romeu e Julieta”, “Sonho de Uma Noite de Verão” e “Manon”.
Pas de Deux do Ballet Manon – Coreografia de Sir Kenneth MacMillan
dançado por Jennifer Penney e Anthony Dowell
Há também trabalhos extraordinários, concebidos sem base em nenhuma “história”, como as jóias coreográficas deixadas por Balanchine.
Trabalhos surpreendente modernos foram concebidos por Roland Petit, Maurice Béjart, Jiri Kylián e Hans van Manen partindo dos mesmos passos de ballet, usando inclusive, sapatos de ponta.
Os resultados tem uma estética completamente nova, que incorpora aspectos da dança contemporânea como as malhas, os movimentos mais angulosos e en dedans e a falta de adornos em coreografias melhores descritas como “ballets contemporâneos”.
Imaginei que, talvez, com bons argumentos ( informações – em doses homeopáticas- e trechos dançados escolhidos a dedo) fosse possível mostrar uma outra face do ballet.
Escapar da visão preconceituosa com relação ao ballet clássico requer informação e boa vontade: informação para que visões distorcidas sejam corrigidas e boa vontade para assistir por alguns minutos às amostras, deixando-se encantar por elas.
Os trechos escolhidos para ilustrar esse e todos os textos que serão publicados tem como principal objetivo encantar e mostrar um pouco da diversidade estética possível a partir dos mesmos fundamentos: os da técnica clássica.
Hoje, nenhum deles será “lentinho” ou “branquinho”; não neste post. Ainda é cedo pra isso.
Pas de Deux de “Thais” – coreografado por Roland Petit
dançado por Lucia Lacarra e Cyril Pierre
Esta imagem de “branquinho” e “lentinho” é muito comum: enquanto dançava, cansei de ouvir gente me dizendo que não gostava de ballet porque “era muito parado”. Este comentário sempre me incomodou.
Talvez as litogravuras do século XIX, que eternizaram a imagem da bailarina etérea, dona de uma figura longilínea, pousada sobre a ponta de um dos pés, envolvida por um tecido diáfano, prestes à alçar voo tenham contribuído para isso, juntamente com as pinturas de Degas que mostraram as bailarinas sempre vestidas em tutus românticos, sem contar uma série de outras exposições muito estereotipadas do ballet nas mídias de massa, como desenhos e filmes.
A imagem diáfana presente nas litogravuras corresponde à imagem que se tinha da bailarina durante o período romântico.
No entanto, como manifestação artística, o ballet é muito mais do que isso!! É muito mais versátil.
É isso que este blog se propõe a mostrar a cada post!
Pas de deux de “The Leaves are Fading” – Coreografia Antony Tudor
dançado por Altynai Asylmuratova e Konstantin Zaklinsky
O fio condutor dos textos será o meu próprio caminho de apreciação da dança.
O que me conquistou logo de cara, o que eu tive que estudar pra aprender a VER e a dar o devido valor e as coisas que até hoje eu não entendo e que ainda não me agradam muito, como “Lilac Garden”, para citar um exemplo.
Gostar de ballet no Brasil é complicado: é uma tarefa árdua. É um gosto incomum, difícil de alimentar e manter.
Hoje a internet permite que os itens de pesquisa sejam garimpados e adquiridos mais facilmente no mundo todo, sem sair de casa, mas nem sempre foi assim e alguns dos posts contarão um pouco desta verdadeira “caça ao tesouro”.