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2013 marca o centésimo aniversário da estreia da “Sagração da Primavera”.
Quem está acostumado ao que normalmente eu posto aqui pode se chocar com as fotos e o vídeo de hoje.
Com música de Igor Stravinsky, composta especialmente para o “Ballet Russes” de Diaghilev, a “Sagração da Primavera” teve coreografia original de Vaslav Nijinsky. A linguagem coreográfica de Nijinsky, no entanto, foge completamente de tudo o que foi visto até o momento.
A coreografia é quase um “anti-ballet”, Nijinsky praticamente desconsidera tudo o que caracterizava o ballet até aquele momento, indo em busca de efeitos e sensações diferentes dos tão almejados efeitos: aéreo e imaterial do Romantismo; e espetacular e “esquematizado” (acadêmico) do período clássico (representado por Petipa), pra citar apenas dois exemplos.
Totalmente oposto a estes, a “Sagração da Primavera” é um ballet que faz fortes referências ao primitivismo e a seus rituais, sendo todo “atraído para a terra”, para o solo, e não mais para o ar.
Não poderia ser diferente, já que a primavera surge da fecundação, da germinação e do florescimento do solo e, portanto, este é o ambiente onde a ação coreográfica se desenrola, em movimentos “en dedans” ( com pés paralelos ou ligeiramente virados para dentro ), repletos de aspectos ritualísticos.
A coreografia original, que nunca foi documentada por Nijinsky, desencadeou um escândalo tal, que foi tirada de cartaz após oito apresentações.
Como é de se esperar, as referências primitivas na música, nos figurinos, cenários e na coreografia chocaram a sociedade da época.
Da produção original, somente a música de Stravinky sobreviveu e conseguiu, em voo solo, conquistar com sua força orquestral, as salas de concerto.
Cenários e figurinos criados, na época, por Nicholas Roerich foram guardados e tiveram seu uso restrito ao documental, tendo que esperar por muitos anos para servirem de referência para uma futura produção.
abaixo: Marie-Claude Pietragalla, na montagem do Ballet do Ópera de Paris.
A 1ª reconstrução:
Na década de 1980, Millicent Hodson e Kenneth Archer, coreógrafo e historiador de arte respectivamente, estudaram toda a documentação disponível a respeito da produção original da “Sagração da Primavera” e reconstruíram-na, aproximando-se o máximo possível da versão original, para o Joffrey Ballet, de Nova Iorque.
O trabalho de reconstrução gerou polêmica e controvérsia, mas continuou sendo aprimorado por Hodson, tendo sido encenado mais tarde pelo Ballet do Teatro Mariinsky (ex Ballet Kirov). Esta produção foi filmada e faz parte do DVD: “Stravinsky and the Ballets Russes”
Desde 1995, o Theatro Municipal do Rio de Janeiro detém os direitos exclusivos da coreografia no Brasil. Nesta época foram realizadas duas temporadas de grande sucesso de público e crítica.
Dezoito anos depois desta temporada, a obra volta ao palco do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, agora acompanhada de outros ballets, também emblemáticos dos Ballets Russes: L’après-midi d’un faune – coreografia de Vaslav Nijinski com música de Claude Debussy e Le Spectre de la Rose, coreografia de Michel Fokine com música de Carl Maria von Weber, ambos com remontagem de Tatiana Leskova tamém fazem parte desta temporada “Diaghileviana”, do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
Programa TMRJ:
Le Spectre de la Rose
Música: Carl Maria Von Weber
Coreografia: Michel Fokine
Cenário e Figurinos: Léon Bakst
Poema: Theophile Gautier
Remontagem: Tatiana Leskova
Solistas:
Espectro: Cícero Gomes ou Filipe Moreira ou Moacir Emanoel
Jovem: Ana Botafogo ou Cecília Kerche ou Márcia Jaqueline ou Karen Mesquita ou Priscilla Mota
L’Après Midi d’un Faune
Música: Claude Debussy
Coreografia: Vaslav Nijinsky
Cenários e Figurinos: Léon Bakst
Remontagem: Tatiana Leskova
Solistas:
Fauno: Bruno Cezario (bailarino convidado) ou Edifranc Alves ou Moacir Emanoel
Ninfa: Deborah Ribeiro ou Priscila Albuquerque ou Renata Tubarão
Dias 19, 24, 25, 26, 29 e 30 de outubro, às 20h
Dias 20 e 27 de outubro, às 17h
A SAGRAÇÃO DA PRIMAVERA / 100 ANOS
Ballet e Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal do Rio de Janeiro